Se preocupar com o
desenvolver da espiritualidade se tornou algo “Cult”. É de se concordar que com o aumento da chamada
nova era, houve um aumento de despertar da humanidade, fazendo com que muitas
pessoas acordassem para a consciência além de um corpo apenas físico. Mas o que
preocupa é quando uma pessoa procura a espiritualidade, e me refiro a qualquer
forma que seja, apenas para satisfazer seu ego. O ego é aquele ser que fica
atrás de nós nos soprando aos ouvidos: “você precisa disto”, “você tem que ter
aquilo, todo mundo tem”.
Vamos pensar, por
exemplo, no aumento de jovens pelo antigo caminho da bruxaria. Uma pesquisa foi
feita no Witches and Pagan, com adolescentes que praticam a bruxaria. Para
eles, foi questionado o motivo de seguir a Arte. As respostas foram as mais
variadas, mas ninguém, eu disse NINGUÉM,
citou o fato de ter status ou a execução de feitiços. Interessante, não?
Mas e aqui no Brasil?
Aqui, como sempre, as
coisas tomam rumos diferentes. Primeiro, nomes antigos da Arte começam uma
interminável luta, que vamos chamar de “eu que trouxe”. No “eu que trouxe”, o
que vale é provar de alguma forma que foi você que trouxe a bruxaria para o
Brasil e que sua prática é a verdadeira dentre tantas. Para isso, vale de tudo.
Pode escrever livro, dar aulas, fundar organizações, covens, círculos, e por ai
vai. Só não pode ser verdadeiro e dizer que seus livros são ruins.
Depois que esses
indivíduos (que deveriam ser nossos Anciões – ou Elders, do termo inglês) param
de se alfinetar, começamos uma interminável discussão do que é certo ou errado
dentro desta prática espiritual que livre. Frase interessante, não é mesmo?
Pela primeira vez, temos algo que é totalmente LIVRE, ser restrita aos termos
certo ou errado.
Agora, pense
comigo...Você é jovem e ente um chamado para um caminho espiritual que lhe dê
essa ligação com a natureza. O que você faz? Bem, como todo jovem crescido no
mundo digital, você vai procurar sobre no velho oráculo Google e em redes
sociais. E o que encontra? As mesmas intermináveis discussões.
Me pergunto como não
deve ser a cabeça dos jovens que procuram o estudo em uma prática voltada a
natureza, onde o ser inteiramente livre é algo fundamental, quando descobrem
que hoje em dia, você é considerado sábio pelo número de likes da sua página
(porque você precisa ter uma), pela quantidade de fotos com apetrechos bruxescos
que você possui e pela quantidade de asneiras que você fala. Ser um jovem bruxo
hoje em dia, é apontar o dedo na cara do outro e dizer: você não é bruxo! É
julgar o outro e o diminuir com palavras ofensivas, chulas e mal colocadas. Ser
bruxo hoje em dia, é ter um tarot da Lady Gaga e ouvir Lana Del Rey durante a
meditação.
Mas do que adianta
reclamar dos jovens, se os velhos continuam brigando? Um bruxo não precisa mais
conhecer a si mesmo, desenvolver poderes com um treinamento disciplinado, muito
menos colocar os pés na terra e a senti-la. Um bom bruxo precisa ter status,
muitos amigos no facebook, fotos diversas de rituais diversos, usar Chanel,
ouvir pop e nunca, em circunstância alguma, colocar os pés na terra. Afinal,
aquele creme de pêssego da Katy Perry faz maravilhas com a pele.
Ironias a parte, quero
deixar claro de que não discordo, nem menosprezo qualquer entidade ou
organização em prol do crescimento e conscientização da Bruxaria. Há ótimas
instituições que visam um verdadeiro despertar espiritual. Assim como pessoas
pioneiras. Também não julgo pessoas que ouvem pop, nem as cantoras citadas
(escuto também). O problema não é o que você escuta ou veste. O problema é o
que você diz saber e ser, quando quem é e realmente sabe, não diz.
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Cena de AHS COVEN, com a personagem diva Myrtle Snow |
Reflexão muito válida!
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